08/07/2021 / Educação Infantil, Escola Miró, Nossa Escola

Um pouquinho dos aniversários na Miró…

Escola Miró

Por Aline Pimenta, professora da Educação Infantil

Comemorar aniversário é algo tão automático em nossa sociedade que esta prática parece ter sempre existido. De fato, trata-se de um costume bastante antigo que foi se modificando ao longo do tempo. Há relatos destas comemorações desde o ano 3000 a. C, no Egito antigo. Nessa época, a “moda” era restrita aos considerados seres superiores, faraós no Egito e, mais tarde, deuses na Grécia. Com o tempo o hábito se estendeu aos mortais e chegou em Roma, onde os imperadores, senadores e suas famílias também aderiram.

Com o surgimento do cristianismo, comemorar aniversário foi tido como uma prática pagã devido às suas origens e, portanto, abolida, reaparecendo somente como algo “legítimo” em meados do século IV, quando a igreja começou a celebrar o nascimento de Cristo. Desde então, foram surgindo as peças simbólicas (vela, bolo, balões, presentes…) e diferentes costumes que compõem os aniversários ao redor do mundo.

Para além da festa que, cá entre nós, gostamos e gostamos muito, na Miró, entendemos esta comemoração como uma data bacana e importante, principalmente, quando pensamos em crianças pequenas. Para os colegas da turma, mais uma possibilidade de olhar para o outro, de construir empatia, de vibrar e se alegrar em fazer parte do dia especial e de destaque do amigo ou amiga que comemora mais uma primavera. Para a criança aniversariante, é uma oportunidade para que, de modo natural e de maneira simbólica, se estabeleça uma espécie de indício de crescimento, algo importante para quem está passando por tantos processos de desenvolvimento, tantas aquisições, idas e vindas ao mesmo tempo. Mais uma ferramenta para que a criança se (re)conheça entre os dilemas que podem estar relacionados ao que é crescer. E, para além de qualquer explicação pedagógica, vamos combinar que festar é bom demais, o aniversariante experimenta um momento especial, experimenta e constrói cultura e memórias!

Bem… agora outro aspecto importante dessa conversa. Quando falamos em comemoração, não nos referimos a toda pompa e circunstância a qual temos visto como tendência nos aniversários nos últimos anos. E, que fique claro, essa afirmativa não carrega juízo de valor, até porque, nós, instituição, passamos por um processo de reflexão ao longo dos anos para chegarmos até aqui.

No início, as comemorações de aniversário em “nosso quintal” contavam com enfeites, lembrancinhas, presentes que as famílias providenciavam e as crianças entregavam no momento combinado. Com o tempo, percebemos que o apelo comercial e de consumo que envolvia essa maneira de celebrar estava se sobressaindo em relação ao nosso principal objetivo: a criança. Desta forma, escolhemos fazer a festa “do nosso jeito”, que leva em conta, principalmente, os aspectos acima citados. Os enfeites, lembranças e presentes comprados não fazem mais parte de nossa comemoração e entendemos que não por isso, o dia será menos importante e significativo. A ideia é que a criança tenha uma data especial. Ela será o ‘ajudante do dia’, escolherá suas músicas e histórias preferidas e os brinquedos e brincadeiras para compartilhar com os amigos. Se as famílias toparem, faremos um lindo lanche coletivo, repleto de carinho, cuidado, aconchego, presença e olho no olho. Os enfeites serão as pinturas das próprias crianças. O presente, entendemos que pode ser uma música, um momento, uma produção, tudo é válido desde que paremos para pensar na pessoa que irá recebê-lo.

Ocorre que…. se tem uma coisa que temos aprendido nos últimos tempos é que não temos o controle de tudo, tão pouco de nossas próprias expectativas. Estamos em pandemia e, inclusive, esperamos que todos estejam bem ao ler esse texto. Pois bem, estamos em pandemia e por questões de saúde, de cuidado e proteção, as trocas de modo geral não são recomendadas, tão pouco o abraço apertado, o contato físico e a aglomeração. Deste modo, nesses últimos meses temos buscado alternativas para que estes momentos também tenham algum significado, ainda que se apresentem de modo diferente do esperado. Tivemos oportunidades de encontros síncronos para cantar parabéns, vídeos, fotos, obras dos amigos e amigas da turma gravados pelas famílias e compartilhados com os aniversariantes, por exemplo, ou até mesmo um suculento bolo de areia elaborado pelas crianças que estão frequentando o presencial com direito à velinha de galho de árvore em nosso parque, espaço aberto e arejado.

E assim temos seguido, refletindo e reelaborando nosso projeto pedagógico, com a certeza de que tudo vai ficar bem, que somos parte de um fato histórico, que estamos empenhados em fazer nossa parte e que nossos pequenos e pequenas seguem, como sempre, nos surpreendendo e, por vezes, nos ensinando a encarar de maneira mais leve as asperezas da vida que bem sabemos, fazem parte.

Por ora, ficamos por aqui, agradecidos e confiantes. Esperando retornar em breve para contar que voltamos a ter dedinhos ansiosos cutucando o bolo de algum aniversariante em uma de nossas salas enquanto cantamos um parabéns bem aglomerado e muito animado.

Para terminar, é importante registrar que valorizamos esse momento e, ao mesmo tempo, também entendemos e respeitamos todas as formas de existir. Se sua família, por qualquer motivo que seja, não celebra aniversários, sintam-se absolutamente à vontade para nos procurar.

Seja como for, celebremos à vida!

Referências:

https://balaocultura.com/origem-das-festas-de-aniversario/#:~:text=Acredita%2Dse%20que%20as%20Comemora%C3%A7%C3%B5es,prestadas%20aos%20deuses%2C%20como%20agradecimento.

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-origem-da-festa-de-aniversario/