20/03/2020 / Artes, Cultura e Extensão, Educação Física, Educação Infantil, Fundamental 1, Fundamental 2, Interclasses, Nossa Escola

Queridas famílias da Miró

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Queridas famílias da Miró,

 

“A esperança parece inventada pela espera. Eu não sei esperar. Todos os dias me assusto por não ter esperança. Quero muito ter. A minha mãe manda fazer um esforço. Ela diz: acredita sempre. Eu acredito, só não estou certa de saber ficar à espera. Quando for maior vou seguramente melhorar neste desafio. ”

(Valter Hugo Mae)

 

No início do ano fizemos, na reunião de professores, uma troca sobre as expectativas que cada um tinha em relação ao ano de 2020. Era um clima de esperança, início de uma nova década: conseguir melhorar materiais didáticos; entender mais sobre acessibilidade em educação; ganhar o campeonato interescolas. Contextos que nos insistem em mostrar que ainda há tanta peleja pelo caminho da educação. Miúdas esperanças de início de ano que nos fazem querer transformar mesmo quando nos esfrega nas fuças que ainda tanto erramos. 2020 começou e eram outras as pedras no meio do caminho. Agora as reuniões extraordinárias eram para prever aquilo que não estávamos prontos: estar longe. Como garantir uma aprendizagem significativa se não vai dar para ouvir a hipótese do Gabriel, a ironia da Julia ou o silêncio transformador da Aninha? Como propor desafios sem os pés fincados em nossa areia? Como ser amparo para as turvas angústias de uma peste? Também não sabemos. Mas estamos aqui, teimosos por aprender. Estamos tentando dar algum significado para colagens, pesquisas, vídeos, leituras. Seguem para os nossos alunos uma série de propostas pedagógicas na mais genuína intenção de que dê continuidade à construção de tantos conhecimentos. Contamos com a parceria das famílias para imprimir materiais, apreciar obras de arte, baixar vídeos, organizar as horas do estudo, autorizar a autonomia, dialogar sobre conflitos, medos, distâncias, sentimentos, entre tantos substantivos abstratos que poderíamos usar agora. Porque, nesse momento, não nos enganemos: nossas falhas, incompletudes e ausências estarão cada vez mais expostas. Talvez não nos caiba nos agarrar aos velhos hábitos; talvez seja a hora de repensarmos o que de fato valorizamos em nossas vidas. Muito provavelmente, concordaremos com uma verdade que desafia o senso comum: a escola não é um espaço apenas para conceitos, porque eles, os conceitos, dependem de maturidade, de discussão, de subjetividade e de aprofundamento para serem apreendidos. Quando estamos em uma escola, nunca simplesmente ensinamos o conteúdo, porque há, na nossa frente, vinte ou trinta pessoas, com suas diferentes habilidades, competências e visões de mundo. Há momentos em que nossos filhos dirão: “agora não consigo estudar!”; ou nos olharão com cara de enfado: “seja criativo! Isso não tem graça”. No entanto, às vezes eles serão gratos, carinhosos, amáveis, solidários. Saibam que “ensinar” e “educar” não estão tão distantes assim, só para desfazermos um pouco a velha máxima que separa com tanta certeza os papéis da Escola e da Família; então caminhemos juntos, de “mãos dadas” metafóricas por enquanto, mas de coração aberto e com a palavra na mão: o que está em jogo, agora, é nossa capacidade de nos comunicarmos.

Cientes de que não somos bons em estarmos distantes, continuaremos tentando nos aproximar de outras formas, sempre grávidos de esperança.

 

Equipe Gestora