16/09/2019 / Fundamental 1

Exercício de cidadania

Por Ana Paula Fortes – Coordenadora do Fundamental 1

A escola, quando engajada na educação para cidadania, desempenha um papel vital na formação do aluno como page1indivíduo ativo, responsável, comprometido com a vida da sua comunidade.

E esse engajamento se dá com a promoção de conversas e debates que sensibilize o olhar das crianças, desde pequenas, para seu entorno. Pequenas ações cotidianas com foco em interações construtivas com os outros e no desenvolvimento de um pensamento crítico são essenciais para a formação de um cidadão mais ativo e politicamente comprometido socialmente.

As atividades fora da sala de aula podem contribuir para os objetivos da educação para a cidadania ampliando tempos, espaços e agentes da aprendizagem, o que resulta em maior interação e ocupação dos lugares extramuros. E em nossa prática isso é muito comum, desde a ida ao Parque das Artes, em frente à escola, até as viagens de estudo de campo, criamos, sistematicamente, diferentes oportunidades de cruzar as paredes da sala de aula.

No 3º ano, temos desenvolvido há alguns anos o estudo “Espaço Público, Lugar de Encontro”. O objetivo primeiro desse estudo é despertar o olhar para esses espaços em nossa cidade e constatar como eles são importantes para promover uma melhor qualidade de vida à população, seja para atender necessidades básicas como saúde e educação, como também para promover lazer, cultura e convivência com o outro.

Da nossa cidade para o mundo, saindo da sala de aula, da escola ou trazendo visitantes para dentro da escola, temos conhecido, por meio desse estudo, muitas propostas voltadas para os espaços públicos, seja na criação de leis que ajudam a implantar e regular o uso desses espaços como em ações privadas ou de iniciativa da própria população que tornam esses espaços mais atrativos para os usuários com a promoção de eventos culturais e esportivos ou melhorias na estrutura física.

Em uma dessas visitas que recebemos, tivemos a oportunidade de conhecer, por intermédio da jornalista Daniela Penha e autora dos livros História do Dia Vol 1. e  Vol. 2, o trabalho que Selma Nalini, fundadora do Projeto Duda Nalini, vem desenvolvendo na cidade de Ribeirão Preto.

Selma é mãe da Duda e do João. Duda é uma criança que não anda, não fala, usa sonda, não pode brincar como page2qualquer criança típica.  Em entrevista com crianças do 3º ano da manhã, Selma nos contou que, uma vez, quando levou o caçula para brincar num parque da cidade, esse se incomodou por ver a irmã sentada em sua cadeira de rodas, enquanto ele brincava e se divertia com outras crianças.  Foi a partir desse fato que Selma arregaçou as mangas e começou o projeto dos parques inclusivos. Hoje temos alguns parques e praças da cidade com brinquedos em que crianças com e sem deficiência podem brincar juntas.

Mas como Selma nos disse, a questão da inclusão das crianças com deficiência em brincadeiras pelos espaços públicos da cidade, não depende somente dos brinquedos, mas também do exercício de cidadania. Muitas pessoas ainda não entendem a importância desse trabalho. Há muita depredação e também descaso da população com a necessidade e o direito que qualquer criança tem de brincar.

Diariamente, Selma circula pelos parques e praças onde instalou os brinquedos inclusivos a fim de cuidar da manutenção dos mesmos e de trabalhar na conscientização da população.

Hoje, Selma, em parceria com a Secretaria de Educação tem apresentado sua proposta dentro das escolas, pois não há nada mais importante para o desenvolvimento de uma postura cidadã socialmente comprometida do que uma educação pautada em valores.

Esse é um compromisso que, nós, educadores da Escola Miró, temos com o trabalho que realizamos nessa instituição. Em nossas salas de aula, desde as turmas da Ed. Infantil, há momentos diários para a discussão e reflexão sobre os direitos e deveres de cada um. Esperamos assim contribuir para uma sociedade mais justa, mais humana, com menos desigualdades.

Abaixo seguem o link da página do facebook do Projeto Duda Nalini, de onde foram retiradas as fotos dos parques, e o link do livro História do Dia, em que a jornalista Daniela Penha relata a história de Selma. As demais fotos são da visita de Selma e Duda à escola.

https://pt-br.facebook.com/projetodudanalini/

https://historiadodia.com.br/inspirada-na-filha-duda-selma-criou-parques-inclusivos-e-espalha-ideia-por-ribeirao/