31/03/2017 / Artes, Fundamental 2

ARTES DO CORPO

Professor Léo

“O que seria de nós sem as coisas que não existem.” LUME Teatro

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Artes do Corpo nasceu como uma disciplina na escola Miró em 2014. Nosso desejo era construir um ft3caminho de experienciação que produzisse escapes do corpo “óbvio”, disciplinado pelo cotidiano e pelo abandono da infância. Percebíamos que conforme os alunos se aproximavam da adolescência, perdiam movimentos e expressões espontaneamente realizados quando crianças; perdiam o contato com o chão, o contato com o outro e acabavam perdendo o contato com eles próprios, que antes se dava, entre outras coisas, através do corpo.

A disciplina de Artes do Corpo entrou no currículo do 6º e 8º anos com aulas semanais. Essas aulas acontecem com ft1ft4metade da turma para que haja maior intimidade entre os corpos e um ambiente potente para fazer arte.

As aulas para o 6º ano se constituem em espaços nos quais os alunos podem jogar, brincar, dramatizar, imaginar. A busca essencial é o fortalecimento da espontaneidade e o trabalho com identidade – que passa e deve passar pelo corpo.

Das poesias criadas nas aulas de Língua Portuguesa inventamos poemas corporais, do cinema mudo expressionista reinventamos narrativas e terminamos o ano com jogos de improviso, criando assim um repertório de possibilidades que extrapolam a normatividade.

Já para o 8º ano nosso objetivo é criar espaços em que têm lugar os acontecimentos, fazendo com que os alunos reflitam sobre seus próprios comportamentos e suas próprias possibilidades, de modo a repensarem sua forma de atuação no
mundo. O simples exercício de parar, por exemplo, não os remeterá a passividade, ao contrário, os levará a olhar mais, escutar mais, pensar mais devagar, demorar-se nos detalhes, cultivar a atenção e a delicadeza, falar sobre o que acontece e escutar os outros.

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São três os eixos do trabalho com o 8º ano: O primeiro deles possibilita ao aluno o reconhecimento de sua capacidade de movimentos espontâneos, sensoriais e físicos. No segundo momento, experimentamos a relação do corpo e os sentidos, ampliando ou anulando algum canal de percepção. Por último, construímos ações/intervenções que nos permitirão jogar com as convenções dos tempos que correm.

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Por fim, esclarecemos que nosso intento com Artes do Corpo vem sendo gerar inter-relações, interferências e interações que, talvez, possam superar a necessidade contemporânea de adjetivar. Pois o que seria das pessoas sem as coisas que não existem?

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